Projeto é operacionalizado por guardas municipais do Natal |
Iniciado há um ano e três meses, o
projeto social Agente Mirim Ambiental de Natal (Amana) atende atualmente 60
crianças em situação de vulnerabilidade social e moradoras de diversas
comunidades carentes da zona Oeste da Capital, com ações educacionais, esportivas
e de cidadania. Desenvolvido pelo Grupo de Ação Ambiental da Guarda Municipal
(Gaam/GM), ele é voltado para estudantes de nove a 12 anos de idade que estejam
matriculados em escola pública e conta, principalmente com apoios e convênios
de parceiros.
Segundo a coordenadora do projeto,
a guarda ambiental Luciana Lima, as crianças que participam hoje da ação já
frequentavam o parque, mas sem nenhum tipo de conscientização ambiental de
preservação e cuidados com a natureza. E que foi a partir dessa constatação que
se pensou em uma forma para ajudá-los, de forma preventiva e com caráter
educacional, daí surgiu o projeto.
“Elas vinham brincar e pichavam os
pontos de apoio, colhiam frutos que servem de alimentos para os animais
silvestres, pegavam répteis e aves para criar em casa, usavam drogas, eram
explorados e praticavam pequenos furtos contra as pessoas que caminhavam no
local. Então, começamos o projeto Amana com o foco de prevenção, procuramos as
escolas no entorno do Parque da Cidade e dissemos que queríamos criança sem
atendimento por nenhum tipo de projeto social ou em situação de risco real, que
estavam completamente à margem da sociedade”, disse.
Ela relembrou as dificuldades do
início do projeto, quando as crianças chegaram ainda sem nenhum tipo de
educação ambiental e geravam diversos problemas por seus comportamentos
repreensivos. “Tinha dias que colocávamos as mãos na cabeça e nos
questionávamos como era que iríamos conseguir mudar a realidade e transformar
essas crianças rebeladas em pessoas conscientes de seus direitos e deveres,
cidadãs com dignidade, carinho e afeto. Mas, o desafio assumido foi muito
grande, sem nenhum apoio da máquina pública, a não ser a Semdes e da Guarda
Municipal”, desabafou Luciana.
A coordenadora disse que a
transformação delas foi grande o suficiente para que seus pais, responsáveis,
professores, perceberem e celebrarem. Eram relatos de que elas eram agressivas,
falavam palavrões e depredavam a natureza, entre outros problemas de
comportamento, que foram desfeitos. E os benefícios proporcionados pelas aulas
e atividades atingem não apenas o lado ambiental, mas também cultural dessas
crianças.
“Hoje, elas multiplicam o que
aprendem aqui, repassam os cuidados e, através de um convênio com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), fazemos passeios culturais,
exposições, ecofeiras, desfilaram uniformizados no Sete de Setembro, coisas que
elas nunca tinham tido contato na vida. Outra realidade, outro mundo que elas estão
tendo a oportunidade de conhecer e que está trazendo intensas melhorias para a
bagagem educacional e cultural delas”, afirmou.
Desejo de expansão
Como o projeto desenvolvido pelo
Gaam só atende pessoas até 12 anos, gerou-se a preocupação de atender também a
adolescentes, principalmente os que são desligados, numa continuidade. Ela
disse que essa nova iniciativa já está sendo estudada, com outro foco e que a
expectativa é que isso aconteça até o final deste ano, especificamente no mês
de dezembro.
“Nós queremos dar continuidade a
esse trabalho do Amana e não deixar os adolescentes desamparados enquanto não
atingirem a fase adulta. Tenho certeza que juntos, teremos uma vertente
educacional importante, porque a Guarda Municipal tem interesse em projetos
sociais, como o Semente Cidadã que é desenvolvido com estudantes da zona Norte
de Natal no ginásio de esportes Nélio Dias. Temos o desejo de instalá-lo também
na zona Oeste de Natal, então, é mais um sonho que pretendemos realizar em
breve, se Deus quiser”, falou.
O Projeto Amana funciona das 7h às
11h e das 13h às 17h e conta com parcerias para a sua execução. As crianças
inscritas, são acolhidas na portaria de Cidade Nova pelos monitores, recebem
orientações de como se comportar dentro do Parque, conhecem as instalações,
assistem palestras recebem lanches e fardamento que são fornecidos pelos
parceiros. “Estamos assinando um convênio com a Semurb, que será nossa parceira
e vai dar um grande reforço ao nosso trabalho”, comemora o guarda ambiental e
monitor do projeto Marconi Lucas.
Crianças participam
ativamente
Participando do projeto desde o
início, em novembro de 2013, os estudantes Leonarda Rangel e Lucas Lúcio
falaram sobre o que aprenderam durante as aulas e atividades, ministradas no
período oposto ao turno escolar, e o que os atraiu para a ação. “Gosto muito de
estar aqui, aprendi muita coisa, principalmente os cuidados com a natureza e os
animais, que devem ser respeitados”, afirmou o menino, de dez anos.
Já Leonarda, 11 anos, gosta tanto
que seu sonho é se tornar uma guarda ambiental e trabalhar com ações
educacionais para preservação da natureza. “Aprendemos a amar e respeitar os
animais e as plantas e aprendi aqui coisas que não sabia. Quero muito ser como
eles, fazer o que eles fazem e ajudar outras crianças”, disse.
Fonte: Jornal de Hoje.
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